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SNG ☠️ #13 - Leia muito o gênero que você escreve. pffff.... Que piada.

O que você precisa para escrever terror?

Acabamos de nos despedir. Este email é aquela mensagem “chegou bem em casa?” Você deve ter ouvido Kiss from a Rose no carro enquanto voltava pra casa, pra compensar ter me ouvido cantar no karaokê ou o sertanejo que tocava no barzinho.

Espero que esta mensagem te encontre bem.

[ALT]: Mulher de cabelo rosa senta-se sobre um vidro de poção. Há um caixão, uma caveira e uma serpente junto dela na imagem. O fundo é pink. Está escrito “Por trás de uma fofa, tem uma versão muito trevosa”

Eu tenho uma coisa meio engraçada pra contar

Nunca gostei de terror. E ainda troco filmes de terror por novelas chinesas de romantasia sem piscar. Tenho assistido mais por causa dessa regra aí, de que eu preciso conhecer sobre terror e coisas assustadoras para escrever sobre coisas assustadoras. Como se isso não pudesse ser natural de alguma forma, as próprias coisas assustadoras que nos acompanham tomando forma.

Quando sento para escrever, nunca é terror. A primeira vez que sentei conscientemente para escrever sobre terror foi depois da publicação na The Dark (e essa história foi longe). E tenho tentado escrever terror de forma consciente por essa história aparentemente ter dado tão certo.

Para mim, The Cat é uma história fofa sobre uma pessoa solitária que não gostaria que a criatura que ela mais ama no mundo sofra. E também pelo fato de eu amar o barulho do ronronar dos gatos sobre o meu peito. “Se o ronronar fosse equivalente às batidas do meu coração”, eu pensei “se ele estivesse dentro da minha caixa torácica. Isso não seria fofo?'“

Outras pessoas acham essa ideia meio creepy, por isso não fiz o gato ser um simbionte que virava um coração (e tenho indicações legais de scifi sobre o assunto) e mandei para a The Dark no fim das contas.

E as capivaras, hein?

Quando mandei as capivaras (forma carinhosa de chamar Dia de Santo Reis), eu mandei como fantasia. Tanto pra Mafagafo, quanto para a Dame Blanche. Animais mágicos tornavam a história fantasia e pronto. Qual foi a minha surpresa quando eu achei vibes muito parecidas em Gótico Nordestino (que estou lendo exatamente porque eu devia ler terror, já que eu estava virando uma escritora de terror).

Fica a dúvida, entretanto: como eu me tornei uma escritora de terror sem saber o que estava fazendo? Eu quero escrever coisas fofas! Espadinhas! Fadas cintilantes!!

(Corta o fadas cintilantes. Troca por rusalkas, ou kelpies ou nightmares…. Errr não pode nightmares, se não voltamos para estaca zero. Saco!)

Aparentemente, essa questão não é só minha, Fernanda Castro, minha senpai, escreveu sobre “Viver à beira do desastre” comentando o texto do Dante Luiz sobre como a gente, brasileiro, acostuma a viver com o perigo, então muita coisa não assusta. Coisas que poderiam virar filmes assustadores na gringa, no Brasil terminam como mais uma sexta-feira. Igual trabalhar com capivaras violentas e enfrentar chuvas torrenciais porque sente que não tem escolha (Este é o fundo de Dia de Santo Reis, sabia?).

Uma família trevosa

Minha única explicação, além dos animes tristes que eu amo, é a minha família. Minha mãe é capaz de contar uma torrente de histórias tristes e terminar com nostalgia, enquanto meu pai tem cinco causos de assombração que ele trocava a cada fim de semana.

Eles normalizaram todas as dificuldades e medos, e eu aprendi a fazer igual. Assim, quando sento e tento escrever a coisa mais fofa de todas, eu preciso me esforçar muito, porque o normal são pessoas com raiva mal direcionada, gatos comendo gente, mão assustadoras e daí pra baixo.

Estou seguindo a regra de ler o gênero que eu escrevi agora… E não discordo. Só acho engraçado. Fico imaginando a anti-Morana, que talvez chame Mare Pink ou Mare Black, tentando escrever coisas trevosas em seu quarto com paredes pretas e só sai a coisa mais fofa que você pensar, tipo Noivos do Inverno.

Domingo, então?

Enquanto a gente não se vê, tem recomendações para jogarmos conversa fora no próximo date.

Lis Vilas Boas, minha senpai também, tem uma ótima história sobre ter o seu coração tomado por um pet fofo. Polvos são fofos, ok?