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- SNG ☠️ #1 - Duas pessoas se detestam e é isso que importa
SNG ☠️ #1 - Duas pessoas se detestam e é isso que importa
É assim que romance funciona, pelo menos em tropos ficcionais.
Leia ao som de INVU de Taeyeon.
Ódio e amor, mesma moeda... Você sabe
Vejo muita gente, mas muita mesmo, dizendo que ama o tropo enemies to lovers. Talvez eu seja de uma bolha de pessoas que gostam muito de lixo, mas a fama de livros como Príncipe Cruel e Príncipe Cativo falam o suficiente por si.
Estas são duas séries sobre boys lixo encontrando uma pessoa que, de certa forma, vão bater de frente com eles, passá-los para trás e, em algum momento, esse boy lixo vai mudar a percepção sobre a outra pessoa.
É o tipo de história que precisa de tempo, tanto que as histórias que eu mencionei são trilogias, se não o romance não é convincente. E, às vezes, nem a história longa consegue ser suficiente para convencer o leitor. Eu, por exemplo, não sou fã de Príncipe Cativo. Não gosto, pois quando eu previ o nível de desafeto, que podem ser vários, não imaginei que chegasse ao ponto que chega, mas estava lá. Eu que ignorei os avisos.
Com o apontamento certo do tropo, você cria a expectativa de até onde você se dispõe a perdoar os personagens enquanto eles fazem coisas horríveis. Isso precisa ser parte desse acordo anterior que é firmado quando nos dispomos a ler, mas quem gosta mesmo do tropo geralmente passeia por todos os níveis de radioatividade.
Me mostre o seu pior
Como eu disse, avisar sobre os níveis de toxicidade é necessário para manter o leitor consciente do que vai ler, mas em resumo, o que faz um enemies/hate/rivals to lovers é uma boa dose de raiva.
Veja bem, quando se é próximo de alguém é comum se adocicar palavras ou vestir uma persona agradável que vai fazer a outra pessoa pensar bem de ti. É natural. Enquanto desgostar faz você não se ater a meias palavras, nem produzir gentilezas. A outra pessoa que se vire.
E assim começa o romance.
Simples assim, um enemies to lovers, ou outros do gênero, é sobre expor o seu pior para a outra pessoa e, no fim, vocês estarem ok sobre isso. As personagens terminam se amando o bastante para serem gentis, mas se aceitaram e se amam enquanto foram pessoas horríveis. No fim, há mais honestidade aí do que nas tentativas de agradar do flerte comum.
Imagine saber o pior de alguém e mesmo assim se sentir atraído.
A intimidade do esfaqueamento
As pessoas do ship, as participantes do relacionamento, irão mostrar o seu pior de várias formas. Uma delas é através de agressão física. O que nos leva a dois pontos.
O primeiro é, você passa o tempo todo tentando prever o que seu inimigo fará. Imaginando o que ele pensa, analisando a personalidade. Uau, isso parece romântico, não acha? A personagem passa tanto tempo pensando na outra que pode até criar empatia, o que pode resultar em perdão, aproximação, passassão de pano... Depende do humor de quem escreveu.
E depois, cenas de sexo e cenas de luta são muito parecidas. Brincam que até as palavras são similares "estocar, enfiar, penetrar, etc". Cenas de luta também são descritas com gemidos e suor. Sem falar que, vamos combinar, esfaqueamento é algo muito íntimo.
Por isso a piada do "enemies to lovers e nem ameaçou com uma faca?", porque é necessário ódio e proximidade para isso. Assassinatos com armas de fogo ou até veneno são destinadas a pessoas que você não se importa, mas há uma proximidade para uma facada. Presume-se que em um esfaqueamento a pessoa agredida deve sofrer e saber quem a atacou. Isso depois de uma luta intensa e muito tempo pensando exclusivamente na outra pessoa.
É esse o apelo.
Nesta casa nós respeitamos os limites
Entendo, de verdade, que pode ser difícil encontrar romance nisso tudo. Principalmente durante a leitura, quando é reforçado tantas vezes que as pessoas do ship se detestam. Então eu pensei em mostrar uma versão leve do tropo, que chamariam de hate to love.
Em The Ying Yang Master: Dream of Eternity (vocês que me conhecem sabiam que viria essa, não sabiam?) temos Qingming e Boya, dois monges que foram chamados para prender um demônio que foi invocado e provavelmente destruir tudo. Os dois se detestam, óbvio.
A primeira vez que Qingming e Boya se vêem, Qingming está defendendo um demônio e depois Boya fica sabendo que Qingming é filho de um demônio. Essa relação próxima com que Qingming lida com o que Boya considera o inimigo é causa de desconfiança e repúdio. A forma relaxada que Qingming lida com os problemas que surgem inicialmente também não ajuda.
Como está todo mundo morrendo, os dois acabam aliados, relevando os defeitos um do outro e tcharám, romance. É um filme de wuxia produzido na China, então relacionamentos amorosos são bem sutis, mas está lá. E tem um cena em especial que prova isso.
O meu vem aí da revista Mafagafo também um hate to love e é bem curtinho, tem umas 50 páginas só. Dá pra ler tranquilo e, como não tem facadas, vale como uma forma de se iniciar no tropo.
Sextou
Fica como dica pra aproveitar a sexta-feira assistir Dream of Eternity e entrar pro fandom. Além da história de romance dentro de um filme de fantasia e artes marciais, a direção de arte é belíssima.
Em quinze dias eu volto para o nosso encontro.
bjs da sua namorada gótica.